![[Do ZERO ao EXIT #68] Como usar programas de incentivo via equity (ou não) para reter talentos-chave no longo prazo](https://tiagovailati.com.br/wp-content/uploads/2023/03/licao-68-foto-claudio-schwarz-via-unsplash.png)
[Do ZERO ao EXIT #68] Como usar programas de incentivo via equity (ou não) para reter talentos-chave no longo prazo
Estamos na lição nº 68 da série Do ZERO ao EXIT em 100 lições – A saga de empreender uma startup do nascimento à venda, através da qual eu compartilho em 100 artigos as lições aprendidas vivenciando os desafios da minha jornada empreendedora na Hiper, do zero ao exit.
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O que todo empreendedor sonha é poder contar com um time engajado com o negócio e capaz de executar os planos de futuro. Acima de tudo, o que se deseja é gente com capacidade de fazer acontecer. Principalmente, no longo prazo.
Mas como manter-se rodeado de pessoas comprometidas com o negócio, e não correr (ou mitigar) o risco de perdê-las para o mercado?
Vivemos há pouco tempo uma época de excesso de capital e muitos negócios com os caixas cheios conseguiam atrair talentos com propostas absurdamente irrecusáveis. Eu senti na pele o desafio de manter conosco (na Hiper) pessoas de grande valor para o negócio. O mercado esteve irracional… e deixou suas marcas.
O pior é que quem entra por dinheiro quase sempre sai pelo mesmo motivo. Porém, em épocas onde o resultado do curto prazo fala mais alto do que a construção de relações duradouras, ter uma estratégia de retenção de talentos-chave é fundamental.
Nesse contexto, um caminho para criar sua estratégia de retenção de gente boa (e essencial) passa pelo que chamamos de programa de Incentivo de Longo Prazo (ILP). Estudei bastante sobre o tema e chegamos a implementar na Hiper o programa “Aqui Somos Donos” após a aquisição pela Linx.
A seguir, vou compartilhar alguns formatos possíveis de implementar um programa de ILP para beneficiar pessoas essenciais para o negócio, através de dinheiro ou participação societária (equity).
Stock Options Pool (SOP)
É bastante comum nas startups e muita gente chama de “vesting”, confundindo os conceitos (explico na sequência). Na prática, a empresa concede à pessoa um direito de comprar uma participação societária da empresa por um preço pré-fixado.
Exemplo: Uma empresa concede a alguém o direito de compra de 100 ações da companhia a ser exercido em intervalos de 12 meses, ao longo dos próximos 3 anos, pelo valor simbólico de R$ 100,00.
- Após 12 meses, a pessoa pode comprar 100 ações por R$ 100,00. O mesmo acontece após 24 e 36 meses, podendo adquirir mais 100 ações em cada momento.
- O preço das ações são mantidos fixos no valor acordado mesmo que a empresa tenha aumentado seu valor de mercado.
- Os três momentos pactuados (12, 24 e 36 meses) caracterizam o vesting, ou seja, a cada janela de tempo a pessoa ganha o direito de exercer a compra citada no tópico anterior.
- Uma vez concedida a opção de compra, pode ser estipulado um período de tempo limite para que a pessoa exerça o seu direito de compra. Caso contrário, a opção de compra expira.
- Um cenário possível é a empresa perder valor de mercado e as ações estarem valendo abaixo do valor pactuado. Neste caso, a pessoa pode optar por não exercer o direito de compra.
Ações Restritas (RSU)
Funciona de forma semelhante ao modelo de stock options. Porém, com as ações restritas a pessoa recebe diretamente as ações da empresa (ao invés do direito de compra da participação societária).
- As ações restritas comumente ficam impossibilitadas de serem vendidas por um período.
- Podem ser aplicadas outras restrições, como por exemplo, não dar direito a voto.
- Também pode ser aplicado o conceito de vesting, onde as ações da companhia são concedidas em determinadas frações de tempo.
Ações Fantasma (Phantom Options)
Semelhante ao modelo de ações restritas, com um único detalhe: ao invés das ações da empresa a pessoa recebe em dinheiro o equivalente à participação societária que teria direito.
- Como o benefício é recebido em dinheiro passando pela folha de pagamento, logo haverá a incidência dos encargos.
- É um modelo útil para empresas Limitadas ou S/A fechadas, onde a movimentação societária é mais complexa/burocrática.
Partnership
Neste modelo, as pessoas elegíveis podem comprar uma participação da empresa pagando o preço de mercado (valuation) na data da aquisição.
- Os critérios de elegibilidade e demais termos são pactuados contratualmente e, normalmente estão atrelados a metas de performance e/ou permanência.
- É comum que a compra seja feita de outro sócio participante do programa de partnership ou de uma reserva de ações sob posse da própria empresa, destinada a tal finalidade.
Stock Matching
O stock matching é uma espécie de contrapartida atrelada aos modelos citados anteriormente.
Neste caso, pactua-se uma contrapartida a ser incrementada pela empresa sobre o volume de ações que a pessoa adquiriu. Esse modelo traz um comprometimento por parte do beneficiário, ou seja, a empresa concede um multiplicador “X” sobre a quantia adquirida pelo beneficiário.
Para evitar dores de cabeça e construir um plano que tenha melhor aderência com a governança e o modelo societário do seu negócio não dispense uma boa assessoria jurídica e tributária para formalização.
Existem algumas formas de colocar em prática um programa de Incentivos de Longo Prazo e tão importante quanto o formato é pensar no alinhamento dos incentivos.
Quando todo mundo faz gol para o mesmo lado, fica mais fácil contar com gente motivada e comprometida com os resultados… principalmente no longo prazo!
📷 Foto Claudio Schwarz via Unsplash
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